BRASÍLIA — Um renovado otimismo se alastra no setor de energia hidrelétrica brasileiro, impulsionado pela expectativa em torno do próximo leilão de geração da Aneel (A-5), previsto para agosto. A perspectiva de novos contratos e o retorno do foco governamental para as fontes hídricas, especialmente Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), animam empresas como a Pedra Branca Escavações, que enxerga um cenário promissor para a expansão e consolidação de projetos no país.
No fim de março, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu a consulta pública para a minuta do edital do leilão, que visa especificamente a contratação de energia de novos empreendimentos hidrelétricos com potência de até 50 MW. Isso incluiu as PCHs (> 5 MW e ≤ 30 MW), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs, ≤ 5 MW), e as Usinas Hidrelétricas de Energia (UHEs, > 30 MW).
Segundo informações da agência, o certame atende a determinações da lei de privatização da Eletrobrás (Lei nº 14.182/2021) e prevê contratos de 20 anos, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2030.
Para o sócio e diretor comercial da Pedra Branca Escavações, Dalton Ravanello, a movimentação representa um marco importante para o segmento. "Existe uma expectativa muito grande por parte dos investidores na energia hidráulica", afirma Ravanello. Ele destaca o recorde de projetos cadastrados para concorrer no leilão como um forte indicativo desse interesse renovado. "São 400 projetos que estão cadastrados, aproximadamente 3 GW de energia disponível", detalha.
Apesar do volume expressivo de projetos habilitados, Ravanello pondera sobre a dinâmica competitiva do leilão. "O governo vai comprar na parte dessa energia, ele não compra os três [gigawatts]. Ele vai comprar talvez 500, 600 MW", explica. Isso, segundo ele, intensifica a disputa, já que o governo estabelece um preço-teto e a seleção ocorre pelo menor preço ofertado. "Quando encher o copo dos 500 MW que ele vai comprar, acabou. Significa que ficarão 2,5 GW sem serem contratados. Então tem uma expectativa muito grande em função disso", comenta o diretor.
Esse cenário, embora competitivo, é visto como positivo pela Pedra Branca, que atua como construtora e executora de serviços no setor. "Como nós não somos investidores, nós somos construtores, somos executores de serviço, a grande motivação acontece em função de estarmos com este apetite da agência reguladora de olhar as PCHs com mais carinho", avalia Ravanello. Ele celebra "a volta do leilão [para hidrelétricas], que estava afastado, sempre foi esquecido nesses últimos anos".
A volta do interesse pela fonte hídrica, historicamente a espinha dorsal da matriz energética brasileira, também é atribuída às limitações de outras fontes renováveis. Ravanello aponta que "a energia eólica e a energia solar não têm linhas de transmissão para desovar e trazer energia para o Sul, para o Centro-Oeste". Ele complementa que a intermitência dessas fontes — "a solar acaba quando acaba o sol e a eólica depende de quando tem vento" — reforça a importância da capacidade de geração contínua das hidrelétricas.
Além dos novos projetos, Ravanello menciona outra vertente de crescimento: a repotencialização de usinas mais antigas. "Terá um leilão à parte de repotencialização das grandes usinas que foram construídas aí na década de 60, 70. Elas têm capacidade hoje de serem potencializadas, e algumas têm o potencial de dobrar a sua produção em quantidades de megawatts", observa.
A confiança da Pedra Branca no futuro do setor se reflete em sua participação ativa em eventos chave, como o encontro da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (AbraPCH). Pelo segundo ano consecutivo, a empresa montou um estande robusto no evento em Brasília. "Participar é sempre muito valioso", diz Ravanello. "A gente tem oportunidade de ouvir os nossos clientes, os nossos parceiros, entender os seus projetos, os seus desafios e as suas expectativas. E, por outro lado, a gente procura sempre levar a nossa mensagem, apresentar as nossas produções, fortalecer esse relacionamento".
Ele considera o evento da AbraPCH como "o destaque do ano" para o setor, e cita a "participação expressiva em número de visitantes" e a qualidade dos painéis, que debateram desafios e oportunidades. A própria Pedra Branca contribuiu com conteúdo, através de uma palestra ministrada pelo diretor técnico da empresa, Luiz Guilherme Isfer Maciel, que compartilhou conhecimento e experiências da empresa. A estrutura do estande, mais "expressiva" que em anos anteriores, é vista por Ravanello como um reflexo da cultura da empresa de "cuidado com o outro", que prepara o espaço "para receber a visita".